Entrevista: Everton Luiz Cidade conversa com Rafael Martinelli (banda EX)
Siléste + EX
No início do mês (mais precisamente no dia 2 de fevereiro), fomos agraciados com uma entrevista entre Everton Luiz Cidade, vocalista da Siléste e autor do livro Santo PO/P e o Bonde Transmutóide (com Diego Gerlach), e Rafael Martinelli, vocalista e uma das mentes por trás da banda EX.
Publicado em perfil pessoal e em algumas outras republicações no Facebook, muita gente pode ter ficado sem acesso a conversa, e por esse motivo trazemos a entrevista na integra logo abaixo, buscando uma maior divulgação da mesma.
Para mais informações sobre as bandas Siléste e EX, acessem nossas postagens sobre as mesmas:
- Siléste: com som experimental alienígena e crú, banda gaúcha soa esquisitamente única
- EX: banda traz rock sombrio, minimalista e singular. Confira as primeiras músicas do novo disco “EX LUX”!
Sem mais enrolação, com as palavras Everton Luiz Cidade e Rafael Martinelli:
O AMOR PRECISO DO NARCISO BONDOSO
Everton Luiz Cidade – A EX lançou a música mais linda que ouvi esse ano. Se chama ONTEM e foi lançada pela LEZMA RECORDS (casa também de Gentrificators, Chimmi Churris, Supervão e Siléste). Vai estar no álbum EX LUX, que sai este ano. A EX é muita gente. No palco e fora, onde nos abraçamos e partilhamos dessa revolução fraterna e gentil que a banda nos oferta. Uma revolução de amor dolorido e extremo. Somos da mesma geração esquecida do underground gaúcho. Passamos pelas mesmas angústias, deprês, euforias, êxtases e estases. Passamos juntos. Não entendo a EX de todo. Me basta estar nela como todos estamos. A EX faz arte. ARTE é catarse. E a catarse da EX é simples e subversiva. E tudo isso é revolução como não sabíamos mais. Fazer essa entrevista foi falar com meu irmão elétrico. Um vocal/performer majestoso e o melhor letrista entre os melhores letristas.
1 – QUAIS AS TEMPESTADES DE RAFAEL MARTINELLI?
Martinelli: Deixar muitas pessoas amadas para amanhã.
2 – COMO SER UNDERGROUND NUMA CENA, DESCULPE O TERMO, ONDE NÃO EXISTE MAINSTREAM?
Martinelli: Ficando feliz em organizar uma função onde se acha alguns amigos que, com suas bandas, aceitam tocar no meio de um feriadão.
3 – O NOME DE TRABALHO DE EX LUX ERA LA DOLCE VITA. QUÃO IMPORTANTE É O CINEMA NA CONCEPÇÃO E COMPOSIÇÃO DA EX?
Martinelli: La dolce Vita foram aqueles três meses, o nosso momento mais feliz, fazendo o disco, nem Mastroianni, nem Ekberg, só a vida doce sem ter que ir trabalhar antes ou depois das gravações…
4 – CONVERSANDO COM AMIGOS NUM BOTECO, DECLAREI MEU AMOR PELO HUMANISMO E OTIMISMO DAS TUAS LETRAS. TODOS CONCORDARAM COM ESSA OBSERVAÇÃO. TU SENTE QUE AS MUSICAS DA EX CONFORTAM AS PESSOAS? E QUANTO ESSA EMPATIA TE COBRA PSICOLOGICAMENTE E EMOCIONALMENTE?
Martinelli: Fico muito feliz com o que tu me conta, por vir de ti, que é o artista que mais me inspira, o resto não sei, até para não estragar.
5 – TU ACHARIA CAFONA, PRETENSIOSO OU NECESSÁRIO SE TORNAR UM GURU, UM LÍDER DE UM MOVIMENTO (MUSICAL, POLÍTICO, SOCIAL/ESPIRITUAL)?
Martinelli: Acharia perda de tempo ser considerado por alguém algo mais do que um exemplo de amor e persistência.
6 – O CONCEITO DA EX É MUITO BEM AMARRADO: AMARGO/DOCE/DEUS/DIABO/EUFORIA/DEPRÊ. FALANDO DAS DORES PEQUENAS, DIÁRIAS, QUE NOS SÃO ENORMES EM ÉPOCA SUPERFICIAL, NÃO TE SENTE MUITO EXPOSTO?
Martinelli: Temos que correr de todas as pessoas que não nos respeitam. Já chega sentir momentos de vergonha e falha com as pessoas amadas.
7 – TU TE CONSIDERAS UM LETRISTA SINGULAR PELOS ASSUNTOS QUE ABORDAS OU PELA FORMA QUE O FAZES?
Martinelli: Nem sei se sou.
8.QUAIS AS BONANÇAS DE RAFAEL MARTINELLI?
Martinelli: É, 30 anos depois, continuar fazendo arte, respirar mesmo que em abraços de afogado com meus amigos artistas, e, principalmente, ter minha família próxima e sabendo quem eu sou.
EVERTON LUIZ CIDADE
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