Contra a maré de singles e EPs, Sky Fetish lança o disco duplo “Villains”
Sky Fetish
A Sky Fetish é uma banda independente de Bagé/RS que iniciou suas atividades lá por 2011, e que de lá pra cá vêm fazendo um barulho competente, minado de referências do grunge e do rock alternativo dos anos 90. Com uma pitada de stoner deixando o som com uma pegada ainda mais pesada e violenta, é ainda acompanhado de vocais arranhados carregados de emoção.
Formado atualmente pelos irmãos Diego Maraschin (guitarra/vocal) e Julio Maraschin (bateria), com Igor Montanari (baixo) completando o time, a Sky Fetish soltou no último dia 9 o seu segundo full album, o disco duplo “Villains“, que soma ao todo 28 canções que te transportam pro rock da última década do milênio passado facinho, não deixando de lado, é claro, uma sonoridade própria e constante, com riffs marcantes e guitarras harmoniosas infiltradas em meio ao peso das distorções e baterias.
Sky Fetish – “Villains – To the Death of us all” [Disc 1] / “Lonely Kids” [Disc 2]
O novo álbum duplo “Villains” da Sky Fetish foi produzido em Bagé/RS entre 2014 e 2016 no Home Station Studio (estúdio próprio da banda), e chega como sucessor do seu primeiro álbum “You Can Be Me When I’m Gone” de 2014.
Como um belo exemplo para bandas independentes e apostando sempre no som autoral, a Sky Fetish assina a autoria de todas as músicas e letras do novo trabalho, com exceção da faixa “F.U.C.K.” que contou também com o convidado Robson Lacerda nos vocais.
Hasteando de vez a bandeira DIY (faça você mesmo), a mixagem do novo disco também foi realizada pelos próprios, com masterização de Julio Maraschin e imagens de Igor Montanari.
O resultado você escuta aí, um álbum conciso e com dinâmica do inicio ao fim!
Entrevista – Sky Fetish
Com o lançamento de “Villains“, a Sky Fetish chega ao seu segundo full album, o que por si só no mundo da música independente já é um grande feito. O que representa para a Sky Fetish o novo trabalho em termos de crescimento, conhecimento e experiência em relação ao disco anterior?
Tentamos ainda seguir com a mesma metodologia, ou seja, criar músicas no qual podemos sustentar ao vivo como trio, sem recorrer a outros recursos ou pessoas. Claro que um disco duplo requer dupla preocupação, dupla atenção e até mesmo duplo gasto financeiro.
Quando lançamos nosso primeiro disco, a ideia era transmitir aquela sensação de banda de garagem mesmo. Quando surgiu o papo do segundo disco, pesou bastante a responsabilidade de ser um pouco melhor ou diferente do que o primeiro. Quando o Igor, nosso baixista, gritou “Então vamos fazer duplo”… travei por um bom tempo até me adaptar com a ideia. No final, resolvemos não forçar o processo de compor músicas cheias de firulas por ser um disco duplo – o que foi bem difícil – e tentamos deixar fluir o mais natural o possível.
Ficamos tanto tempo absortos fazendo esse segundo disco, que pessoalmente não consigo ver onde foi a transição entre um trabalho e outro. Tem músicas ali que foram deixadas de fora do primeiro disco, assim como tem músicas ali que no último segundo saíram. – Diego Maraschin (Sky Fetish)
Nos tempos de streamings atuais, ouve-se muito e conhece-se (de verdade) pouco. Em outras palavras, aquela cultura de ouvir álbuns inteiros de um artista vem perdendo adeptos, o que faz bandas e artistas optarem por lançamentos menores (singles e EPs), porem mais constantes.
Há os defensores de (e vantagens em) ambas as estratégias, dependendo das pretensões de cada artista. Para a Sky Fetish, o que pensam a respeito e como chegaram a decisão de lançar um disco duplo, relativamente incomum principalmente falando-se do meio independente?
A primeira coisa que me veio à cabeça foi que isso seria suicídio. Como tu disse hoje em dia dificilmente pessoas escutam um disco inteiro, imagina dois que totalizam duas horas de música.
Ainda é uma ideia em aberto futuramente lançarmos apenas singles ou quem sabe uns EPs. Só que de vez em quando é bom sair do usual e dar uma de “do contra”. Se seguíssemos com o plano original, que seria lançar um disco com 10 músicas, dificilmente escutariam o disco por inteiro.
Então no final, o resultado continua sendo o mesmo, certo? – Diego Maraschin (Sky Fetish)
Além da estratégia de lançamento, temos também uma outra questão mexendo com muita gente: gravar em casa ou em um estúdio profissional. De forma cada vez mais recorrente, bandas e artistas independentes tem conseguido montar uma estação de gravação pessoal e registrar seu próprio trabalho, claro que tendo que abraçar junto todas as tarefas impostas na qual um estúdio profissional realizaria conforme o seu preço.
No caso da Sky Fetish, a banda tem o Home Station Studio, um estúdio caseiro próprio e de onde saiu o novo disco duplo. Na visão da banda, quais foram as facilidades e benefícios que um local próprio pra gravação proporcionou, e o quão recompensador é arcar com todo o processo de produção independente?
De cara, te digo que o maior benefício é trabalharmos conforme o tempo que tivemos disponível. “Villains” começou a ser gravado em 2014, e finalizamos no final de 2016.
O som também ficou da maneira que queríamos, claro, de um jeito que tudo casasse entre si. Só que gravar em casa é um processo que se adquire aos poucos. Levou bastante tempo e aprendizado até chegar aonde queríamos. Não é necessariamente um céu de brigadeiro, o que transforma em um é quando escutamos o resultado final.
São tantas etapas envolvidas em gravar apenas uma música que requer uma paciência e organização gigantesca. Só que no nosso caso, a paciência e organização tiveram que ser multiplicada por dois. – Sky Fetish
A seguir vocês podem conferir os trabalhos em vídeo em que a banda também investiu, entre eles o “Sky Fetish @ Villains Sessions“, o qual a banda gravou em julho de 2016 para a promoção do novo álbum que acabou de sair, entre outros videoclipes para faixas do primeiro disco:
Vida longa a Sky Fetish.
CHEERS!
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