Entrevista: LuvBugs fala sobre música independente e como foi a Tour RS 2016
O LoFi in High está de volta com mais uma entrevista super bacana. A convidada da vez foi a banda carioca LuvBugs, formada por Rodrigo Pastore e Paloma Vasconcellos, que nos trazem um rock autoral lo-fi super acessível, além de demonstrar como um projeto independente em conjunto com uma galera certa, sem um apoio real de grandes mídias, pode ainda assim se destacar por sua coesão, originalidade e musicalidade, sem se perder a essência!
A LuvBugs já conta com dois EPs lançados além do full album “Enxaqueca” de 2015, e os preparativos para um novo disco já estão começando, com previsão de lançamento para o ano que vêm.
No bate-papo, uma troca de ideias e ideais sobre o cenário musical independente, a recente passagem da banda pelo Rio Grande do Sul, além de uma playlist exclusiva com o que a LuvBugs anda escutando.
Entrevista: LuvBugs
LoFi in High – Quais os principais fatores, motivos e incentivos da banda, e como os maiores desafios encontrados pela LuvBugs foram contornados para que hoje vocês possam estar na ativa, inclusive realizando rolês fora do Rio de Janeiro, casa da banda?
Rodrigo Pastore (LuvBugs) – Incentivos não são muitos na verdade, mas como a gente produz nossas gravações e temos total autonomia sobre nosso som, isso é um incentivo legal e também fazer amigos dentro e fora aqui do RJ. O maior motivo é a gente ser apaixonado por tocar e fazer música, compor, arranjar, escrever, é o lance da música mesmo. E tocar fora do Rio de Janeiro não é fácil. Tem que ser bem planejado e mesmo assim sempre é incerto, é importante sempre levar bastante material da banda porque as vendas de merchan ajudam muito.
LoFi in High – Há uma tendência nos últimos tempos onde podemos notar uma galera independente optando por lançamento de EPs em vez de álbuns cheios. A LuvBugs já conseguiu a oportunidade de explorar os dois. Sentiram alguma diferença quanto as possibilidades e alcance dessas duas linhas de lançamento? Quão importante é para a LuvBugs (e para bandas independentes em geral) ter um álbum cheio em sua discografia?
Rodrigo Pastore (LuvBugs) – Acho que quando você faz uma banda, a primeira coisa que você quer é lançar alguma gravação e o formato de EP é perfeito por ser mais rápido e fácil. Além disso, as pessoas costumam estar tão sem tempo pra tudo que talvez motiva a galera a fazer EP. Mas em um disco full você consegue contar uma história mais completa, com começo meio e fim, se você conseguir desencanar desse lance das pessoas terem tempo ou não de te ouvir, fazer um disco cheio é bom demais, é um trabalho mais lento e artisticamente pode ser muito mais completo, é preciso um pouco mais de dedicação e tempo. Sinceramente mal consigo ver a LuvBugs lançando outro EP.
LoFi in High – Estamos vivenciando um tempo bastante visual, e uma enxurrada de videoclipes independentes de qualidade vêm surgindo para suprir essa demanda por som E imagem. A LuvBugs sempre apostou em produções independentes quando falamos de videoclipes, como por exemplo o clipe para “Tempo Amigo”, ultimo disponibilizado até então por vocês. Qual a opinião da LuvBugs quanto a esse tema? Uma videografia deve ser tão bem trabalhada como o próprio som?
Rodrigo Pastore (LuvBugs) – A gente de fato curte bastante fazer vídeos e acha isso de grande importância. Lembro que eu morava no interior da cidade, município de Angra dos Reis e lá só foi pegar MTV depois de um tempão. Foi um marco na minha vida ver as caras dos malucos das bandas que eu curtia e conhecer outra pá de banda. Ainda mais porque eu, Rodrigo, trampo com montagem de cinema e TV e a Paloma estudou cinema, então tem essa facilidade também. Agora a videografia ser tão bem trabalhada como o próprio som eu não sei. Não acho que deva ter uma regra. Ora a gente quer fazer um clipe com historinha como o de “Tempo Amigo”, ora a gente quer fazer um lance mais simples como em “Depois do Sol”. Mas o mais importante é a música.
LoFi in High – Muitos projetos independentes conseguem se lançar apenas virtualmente, mesmo tendo um ótimo trabalho em mãos. A dificuldade para que artistas menores consigam um espaço para apresentarem seu material ao vivo sempre acaba por ser mais uma batalha. Como vocês enxergam esse cenário? Recentemente vocês conseguiram aparecer aqui pelo Rio Grande do Sul em uma mini turnê, poderiam comentar mais ou menos qual foi o caminho das pedras e passagem por aqui? Quem sabe mais bandas possam se inspirar e aparecer pelo Sul também!
Rodrigo Pastore (LuvBugs) – O cenário não é tão simples, mas você precisa colar com quem tem ideais musicais parecidos com o seu primeiro. A internet facilita muita coisa, tudo hoje é bem segmentado, então parece que tem público pra tudo, pra todos os estilos. Então é aquilo, é legal você procurar alguma casa de show que representa seu som de alguma forma e achar músicos que representam seu som também e unir forças, se for preciso até criar um “movimento”, porque sozinho ninguém consegue nada, se alguém disse que faz algo dar certo sozinho, disse uma grande mentira. A tour do Rio Grande do Sul foi organizada pela galera de Sapiranga, o Moisés gastou um bom tempo nos convencendo a ir! Esses caras são muito feras. Ele, o Theo, a Pati, o Moza, Vitor, cada um faz uma frente. Viraram grandes amigos nossos. O Moisés agendou todas as apresentações. São pessoas bem honestas e eu acho isso fundamental.
LoFi in High – Um estudo mais elaborado precisaria ser feito, mas o que temos notado é que muita gente têm buscado lançar seu próprio material (talvez a algum tempo já engavetado por falta de oportunidade). E, melhor ainda, fazendo isso hasteando bandeiras em comum através de selos musicais independentes, que tem surgido com uma relativa frequência. A Transfusão Noise Records tem feito um trabalho exemplar e ajudando a dar voz a muita gente talentosa neste meio mais alternativo e lo-fi. Para a LuvBugs, qual a importancia da própria TNR para a banda, e o papel destes selos menores dentro do cenário musical alternativo em geral?
Rodrigo Pastore (LuvBugs) – A TNR nos ajudou muito, de fato, na divulgação e já nos era referência musical antes de lançarmos com o selo. É exatamente o que eu disse antes, é importante unir forças e criar movimentos.
LoFi in High – Artistas independentes nunca andam sozinhos (ou, pelo menos, não deveriam). Sendo assim, o que a LuvBugs costuma escutar (influências), tem conhecido de novo e acompanhado mais de perto nos últimos tempos?
Rodrigo Pastore (LuvBugs) – A Paloma curte demais a australiana Courtney Barnett. Ela tem ouvido muito Skating Polly também. E também Chery Glazzer, Trash No Star, Bass Drum of Death… Outro dia vimos um show de uma banda que eram 12 caras no palco e nenhuma mulher, a Courtney Barnett abriu o show deles, achamos estranho. Eu curto muito Ty Segall, mas curto mais aquela banda antiga dele. Tenho ouvido bastante Velvet Underground, Jesus and Mary Chain, Jay Reatard, a Angel Olsen lançou o hit do ano com aquela “Shut up kiss me“… Tem a Street Cats de Pelotas /RS que curto muito também, a Gi canta demais. Tem a Sereno aqui do Rio de Janeiro dos irmãos Damazio que devem lançar EP de estreia em dezembro, a Sara Não Tem Nome de BH… Tem gente fazendo música boa em todo lugar. Aí no RS tem a Siléste que tocou com a gente em São Leopoldo / RS e fez uma apresentação inesquecível pra mim. Têm muita gente contemporânea e boa.
EXTRA: Playlist “MIXINFLUÊNCIA – LuvBugs” disponível em nosso perfil no Spotify!
LoFi in High – Para finalizar, o que podemos esperar da LuvBugs daqui pra frente? Alguma novidade a caminho que poderia ser compartilhada com a gente?
Rodrigo Pastore (LuvBugs) – A gente começa a ensaiar essa semana as canções pra gravar o próximo disco, que ainda não tem nome mas já tem todas as composições e deve sair ano que vem!
CHEER!
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